geralmente,
antes de escrever aqui, costumo ler um pouco na internet sobre o tema que vou discorrer e, se não me atento, não encerro essas leituras tão cedo; descubro
tantas coisas interessantes, que só me deixam mais fascinada pelo assunto! enfim,
li a obra fenomenal O Poderoso Chefão – 461 páginas – Editora Record – 30°
edição – Mario Puzo. nas primeiras páginas do livro, assim está escrito: “venda
proibida na Europa”; conclui presunçosamente que tal proibição se refere à
primeira edição do livro, ou seja, na época dos anos 60.
é indiscutível que os filmes são mais conhecidos do que o livro original, o que
eu acho uma pena; no meu entender, deve-se ler a obra escrita primeiramente,
posto que é ela a base de toda a trama. nos livros, criamos nossa própria
imagem dos personagens, dos lugares, das vestimentas, dos momentos, e etc. é um
exercício de imaginação que rola solto! meio clichê? também achei! geralmente,
nos filmes, algumas partes contidas nos livros são excluídas, pois sempre
passam pelo juízo de valor do diretor do filme. Infelizmente, vi a trilogia
primeiramente, anos atrás, antes de ler o livro. Considerando que a ordem dos
fatores não altera o resultado, é uma obra fenomenal, que até hoje figura nas
listas de melhores filmes/livros a serem vistos/lidos. o primeiro filme é de
1972 e é uma verdadeira aula de cinema! atuações simplesmente espetaculares,
que rendeu o Oscar de Melhor Ator para Marlon Brando, que na época estava com
sua carreira em declínio, e se recusou a receber o prêmio, por questões de
militância política. O filme ganhou vários outros prêmios.
uma dica para os fãs de Al Pacino: neste filme ele está bem novinho e
esbanjando charme! o homem não é de Deus!
tal obra causou bastante estardalhaço na época. muitas manifestações ocorreram,
a maioria visando à proibição do filme, afirmando que ele difamava a comunidade
ítalo-americana. os próprios moradores da cidade onde o principal personagem
nasceu são frios e antipáticos, não se recomenda perguntar sobre a máfia por
lá; a obra fez com que tal cidadezinha italiana ganhasse uma fama negativa.
eu realmente poderia escrever mais uns dez parágrafos sobre esta obra,
tranquilamente, mas vou ao aspecto que mais me chamou atenção. na verdade, eu
posso até entender se alguém me disser que o livro não é bom; de fato, se o
leitor não tiver uma pequena afinidade por história geral, e não perceber as
sutilezas que existem no livro, elas passarão despercebidas e a leitura se
tornará deveras cansativa. se o cansaço durante a leitura às vezes aparece, ele
é recompensado pela grande sacada no final de um capítulo, por exemplo. em suma,
a vida mantida pelo Padrinho surge em um ambiente de imigrantes que, devido
esta condição, vivem à margem da sociedade. mas, tais imigrantes acreditam que
não nasceram para serem marginais, ou marginalizados. Se a sociedade como
sempre é excludente, com suas leis, suas polícias e suas autoridades, não há
muita opção: ou você se submete na tentativa de vencer na vida, ou você cria
sua própria justiça. É disso que o livro fala. de uma sociedade paralela, que
vive suas próprias leis (passadas de geração para geração), muitas vezes
funcionando melhor do que na sociedade legitimada. até que ponto nós devemos
submeter-nos a uma sociedade que não atende às nossas necessidades mais
fundamentais? talvez, por isso e por tantas outras questões, esta seja uma obra
ainda bastante atual; os problemas sociais mais sacanas parecem serem os
mesmos.
Nota: 9.
Nenhum comentário:
Postar um comentário