quarta-feira, 16 de setembro de 2015

até então, eu considerava tudo aquilo que era escrito com imagens e diálogos necessariamente uma HQ. com o tempo, descobri que o que eu andei lendo, na verdade, são graphic novels e não histórias em quadrinhos. é interessante saber a diferença, que pode ser comparada com as séries e os filmes que vemos - são parecidos, ambos contam alguma história, mas não são iguais. os filmes são semelhantes às graphic novels, ou seja, são histórias com início, meio e fim; já os seriados se assemelham às HQs, podem ser reunidas em capítulos, edições, temporadas e etc. há quem prefira dizer que lê graphic novel, sem saber direito o que está de fato lendo, pois acha que HQs são para crianças. tem doido pra tudo e ainda sobra gente pra mascar fumo.

a graphic novel Retalhos - Craig Thompson - 582 páginas - Editora Companhia das Letras é uma obra bem tensa e realista. com caráter autobiográfico, o pano de fundo tem sempre uma conotação religiosa, posto que o personagem principal cresceu e viveu em um ambiente profundamente católico (ou evangélico - algo do gênero).
quem nunca sofreu bullying? ou praticou? mesmo que, na minha época (anos 90 - 2000), o termo não existisse, tal realidade já existia. e se, para alguns, a escola foi um lugar alegre e mágico, para muitos foi uma época que deveria, se possível, ser deletada da mente. é um período que pode ser extremamente conturbado, caso a pessoa não tenha o devido suporte emocional e psicológico; eu sei disso por experiência própria (sim, eu sofri bullying - mas, como de besta não tenho nada, também aprendi a me defender). a vida religiosa que Craig (o personagem principal) sempre levou, desde pequeno, fez-me lembrar dos momentos que vivi quando participava do Movimento dos Focolares, a obrigação de ir à missa, de ir aos encontros de jovens, até que a gente cresce e passa a fazer as nossas próprias escolhas. a religião sempre esteve presente na vida das pessoas.. o ser humano, seja ele católico, agnóstico, espírita ou qualquer outra coisa, está sempre buscando algo além, algo sobrenatural, seja no contato com a natureza, seja na meditação, na ioga, nos grupos sociais, enfim.. ao meu ver, é incontestável o fato de que nós, por nós mesmos, não nos bastamos.
essas e outras temáticas interessantes, um tanto deixadas de lado no corre corre de nossas vidas, são abordadas com uma sensibilidade surpreendente pelo autor. é necessário ser forte para ler a obra até o fim, já que não há nenhum tipo de maquiagem nas histórias e o que se lê são experiências de vida um tanto cruéis, mas profundamente realistas.
Nota: 8,5.

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