Indo na contra-mão de qualquer estereótipo (isso não leva a nada, vá por mim), este blog é meu espaço para dar vazão a pensamentos sobre três coisas que deixam minha vida mais prazerosa e suportável - filmes, livros e vinhos.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2016
O filme ELLE é surpreendente. Foge de qualquer expectativa, com difícil classificação (é drama? É thriller? Ou será comédia?), e talvez seja justamente por isto que valha a pena ser visto.
Eu prezo muito pelos filmes produzidos fora do circuito de Hollywood, principalmente devido ao fato de eles serem capazes de proporcionarem idéias, sentimentos e interpretações um pouco mais originais, diferentes do padrão típico a que estamos acostumados. Os filmes franceses são interessantes porque trabalham a comédia de uma maneira sarcástica e inteligente; eles fazem uso de um tipo de humor que não proporcionam aquela gargalhada exagerada, mas sim aquele riso tímido que morre antes de ter nascido, aquele breve sorriso que aprecia a perspicácia da mensagem, transmitida com um tom de ironia.
O filme em si não é nenhum exemplo de filme educativo que preserva a moral e os bons costumes. A análise deve ir mais além, por exemplo considerando a atuação espetacular (!) da atriz principal - só pela sua atuação vale a pena ver o filme, porque a mulher realmente se supera - como também a temática do ceticismo diante da vida, da psicose gerada por traumas, e outras coisas do gênero (sempre com cuidado de não dar spoiler). Veio-me à mente a ideia de quão importante é a imparcialidade em alguns momentos da vida. A capacidade de ser frio e implacável diante de algo ou alguém, muitas vezes, pode ser a opção mais inteligente. Deixar os sentimentos de lado e proceder ipsis litteris igual a um robô, ou algo do tipo, pode nos levar mais longe, a patamares mais altos de poder, de sucesso, de maturidade. As estruturas de poder são colocadas no filme, a partir do trabalho, do sexo, da força, do dinheiro, da família. Quem tem poder? Quem manda? Será o mais forte? Será o mais rico?
Outra questão interessante que me veio à mente é sobre a importância do que nós fazemos dos nossos fracassos, dos nossos erros, dos nossos sofrimentos. Tudo (ou quase tudo?) é uma questão de escolha. O fracasso pode servir de aprendizado e fortalecimento pessoal. Ou pode ser motivo para o desencanto, para a desistência, para a derrota. Ser protagonista, ou ser coadjuvante. Viver ou se deixar viver. Algo do tipo.
"Mantenha seus amigos perto, mas seus inimigos mais perto ainda".
Nota: 9,8.
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